O campo de batalha sou eu

Às vezes a sombra se achega em mim e permanece por dias a fio, sem ter um motivo específico. Só começa a preencher os espaços e vai se espalhando por minha paisagem interna. Por muito tempo cedi à esses momentos tentando me nutrir com algo que me desse prazer físico: sexo, comida, álcool, tabaco... Hoje já me conheço o suficiente para saber que isso só vai levar a cometer excessos e me sentir ainda pior. Estar para baixo cria a necessidade de ter algo bom para sentir, mesmo que seja uma sensação simples e rápida. Mas não é disso que estamos precisando quando estamos assim. Ceder a pequenos prazeres não vai fazer você se sentir melhor.

Hoje, consciente das consequências, cuido para não ser pego de surpresa, procuro estar atento ao que está acontecendo quando as coisas começam a escurecer dentro de mim. Se estiver ligado posso agir logo no começo e minimizar os efeitos. Muitas vezes a tristeza chega aos poucos e vai se mesclando com as outras emoções antes de se instalar de vez, e isso me leva a afundar sem perceber. Quando vejo, já estou no ritmo da depressão, fazendo tudo sem sentir gosto por nada, tendo pensamentos negativos, agindo de forma a sabotar minha própria vida e estragar o andamento dos meus planos. Quando isso acontece é sempre complicado sair e voltar ao normal. O principal é ter paciência e reagir contra a onda de escuridão. Mas não é fácil.

Quando a reação é logo no começo existe a possibilidade de anular o efeito e não deixar que a depressão se instale. Por isso digo que é tão importante estar atento. Sempre que começa a ficar mais difícil dormir, ou acordar, quando as necessidades por prazer e diversão começam ser muito mais frequentes, quando começam os descuidos com a aparência e fica difícil ser pontual. São indícios de que a sombra está chegando e que é preciso estar preparado para reagir.

Cada um desenvolve sua própria forma de lidar com o problema, uma vez que o adversário é o próprio sujeito que precisa reagir. É preciso trabalhar bem o autoconhecimento para saber como lidar com os inimigos dentro de si mesmo. Eu, pessoalmente, gosto de enfrentar da forma mais direta possível. Sempre que percebo a proximidade da sombra reajo de forma bélica contra ela, mostrando que não permitirei que ela assuma o controle. Dizendo não para os pedidos de delícias, tomando banho frio quando bate a preguiça de fazer higiene, meditando quando as preocupações parecem um turbilhão que impede o sono. É claro que não venço todas as batalhas e que muitas vezes não percebo as trevas se acumulando e, quando vejo, já estou envolvido. Mas enfrentar o mal com uma certa raiva na atitude tem sido uma estratégia eficiente para ter uma quantidade razoável de vitórias nessa guerra diária.

Talvez essa tática não funcione com todos. Algumas pessoas podem preferir ignorar a sombra e seguir em frente apesar dela estar ali e assim neutralizar seus efeitos. Eu mesmo recorro a esse modo de enfrentamento às vezes, quando estou cansado demais para brigar. Só não recomendo que a forma de enfrentamento seja a negociação. Não tente ceder em algo para ver se a sensação de tristeza diminui, não faça negócios com a escuridão. Não pense que pode conviver bem com ela ou que é possível obter alguma vantagem em estar pra baixo. Pode parecer estúpido dizer isso mas é um pensamento que pode surgir quando estamos mal. Não negocie seu bem estar, não aceite ceder coisas boas em troca de alívio passageiro.

É preciso ter clareza na ideia de que existe uma guerra acontecendo dentro de você nesse momento. De um lado está a parte produtiva, útil e luminosa da sua alma. Do outro está todo o lixo que o mundo injusto e cruel em que vivemos cria o tempo todo. E o que fortalece um lado ou o outro é sua atitude diante dos estímulos internos. O que você faz com as vontades que sente. É na ação que você move suas peças no tabuleiro de xadrez. É com as palavras ditas, com as ações práticas que você traz para o mundo aquilo que está dentro de você e só existe em suas ideias. Quanto mais ações um lado de você consegue realizar, mais forte ele se torna sobre a realização das vontades. Quanto mais você se cuidar, mais vontade de estar bem terá. Quanto mais palavras agressivas contiver antes de serem ditas, mais gentis serão os seus pensamentos. Quanto mais se exercitar, mais forte vai ficar. E o contrário também é verdadeiro, quanto mais porcarias comer, mais vontade de guloseimas terá. Quanto mais ceder à preguiça, mais desânimo sentirá. Quanto mais egoísta forem suas ações, mais sozinho estará.

Entendendo que estar bem é o resultado de um esforço, fica mais fácil perceber o quanto é importante trabalhar pelo bem-estar. No caso de pessoas como eu, que tem uma grande massa de escuridão habitando o mundo interior, é preciso ter cuidado redobrado com as ações e atitudes. Se permitir um deslize uma única vez, se só nesse final de semana eu topar ficar bêbado em um churrasco, se só dessa vez passar o dia de folga inteiro dormindo ao invés de fazer algo legal, posso estar abrindo a porta para que as trevas comecem a crescer e se acumular nas frestas da minha personalidade. Sem perceber quando elas passarem a controlar mais e mais atitudes nos dias seguintes, até estar imerso em escuridão e ter de começar, de novo, uma escalada para fora do buraco.

A mensagem de hoje é simples: esteja atento a si mesmo, reconheça no próprio comportamento os indícios de que as coisas não vão bem e aja com rapidez para neutralizar, antes de ficar mal. Tenha um plano de ação eficiente. Use os recursos que tiver à mão e que já tenham se revelado eficientes. Leve a sério, não menospreze a saúde mental. Não negligencie a batalha que é travada diariamente dentro de você. Escolha apoiar o lado certo e ajude ele a vencer fazendo boas escolhas, tomando boas decisões, fazendo aquilo que é o certo a se fazer. Pode parecer que não, mas o processo de melhora depende de mais agentes internos do que externos. As coisas que você faz ou deixa de fazer terão mais efeito sobre você do que qualquer remédio ou tratamento. Assumir o controle das próprias ações é o único jeito de vencer.

Esteja lúcido, queira o melhor para si. Reconheça que uma parte de você não quer o seu bem e diga não a ela. Não permita que a sombra assuma o controle da sua vida nem por um segundo sequer. O resultado desse esforço será o seu prêmio.

Insônia, um pesadelo acordado.

Insônia, um pesadelo acordado.

Os males de uma noite mal dormida.

Insônia! Acho que essa é uma das piores fases do transtorno de ansiedade.

É algo realmente muito estranho que acontece comigo, passo o dia inteiro com sono, mas na hora de dormir, o sono simplesmente desaparece.

A pior parte são os pensamentos descontrolados e hiperativos justamente na hora de deitar. Quantas vezes já peguei no sono e 15 minutos depois acordei em pânico sem motivo específico.

É na hora de dormir que estamos realmente sozinhos, é ali que vemos em nós coisas que não gostaríamos de ver ou não gostaríamos nem de lembrar.

A insônia para mim, um ansioso/depressivo em recuperação, é como um pesadelo acordado, não consigo resumir em outras palavras.

Não existe posição confortável na cama, eu me viro e reviro e nenhum jeito me satisfaz.

Infelizmente a insônia não é uma coisa aproveitável, pois eu não consigo, estudar, fazer exercícios ou leituras, o cansaço é grande demais, mas não suficiente para dormir.

O que eu costumo fazer quando tenho insônia?

Atualmente eu durmo somente com medicação, antigamente a medicação me apagava, era muito bom, hoje o remédio já está mais fraco e não durmo nem 6 horas as vezes. Tento tomar meio comprimido algumas noites, outras como final de semana, tomo até dois comprimidos. Não vou dizer qual medicação eu uso, só posso dizer que foi indicada pelo meu psiquiatra e é remédio "faixa preta", não é brincadeira não.

Tem dias que eu encaro os pensamentos e lembranças que surgem, simplesmente tento refletir sobre eles, os aceito e tento me acalmar naturalmente.

Quando estou com pensamentos obsessivos de morte, ou de coisas más, eu coloco meus fones de ouvido e ouço algum vídeo de afirmações positivas no YouTube, eu tenho jogar coisas boas para dentro da cabeça.

Faço orações, costumo me entregar ao Poder Superior, rezo, oro e tento fazer planos positivos para o futuro, quando consigo. 

Tento assistir alguma coisa com uma mensagem boa no celular, para não pensar em besteira.

O que eu deveria ter feito antes?

A insônia pode acontecer por diversas causas, mas se eu tivesse identificado a ansiedade com a insônia antes eu teria ganhado algumas noites de sono a mais. 

Quando não consegui dormir uma, duas ou três noites na semana, eu já deveria ter procurado ajuda profissional.

A insônia prejudica o desempenho no trabalho, dá mau humor e má vontade, irritabilidade, fraqueza e gera conflitos. Eu deveria ter procurado ajuda antes.

A falta do sono não deixa você sonhar e nem relaxar o corpo por completo, sem sonhar você fica com diversos pensamentos perdidos e mal resolvidos, os sonhos resolvem nossos problemas, eles são muito importantes para a mente.

A insônia já era um sinal, eu deveria ter procurado um psiquiatra logo que ela ficou frequente, eu perdi muito tempo infelizmente.

Mensagem Final:

Procure ajuda profissional, você merece dormir bem. Tomar remédio para dormir não é ruim, ruim é não dormir. O remédio é um recurso, que graças a Deus, temos hoje em dia. Dormindo bem a tua vida melhora!

Caminho

Não creio ser o caminho atual que trilho o caminho. É desagradável demais para estar certo trilhar por aqui.

De tempos em tempos a coisa toda acalma e dá a impressão que os momentos ruins são minoria, parece que talvez valha a pena suportar tanta pressão psicológica. Até que uma nova onda de problemas vem inundando tudo como um dilúvio e o desespero toma conta da alma, trazendo consigo desejos perigosos em uma necessidade vital de alívio. Como se a vida estivesse doente e em alguns momentos de frescor a febre baixasse, e, em seguida, surpreendesse com espasmos dolorosos de convulsão. O desespero gerado é tamanho que pensamentos desejando a morte como solução surgem em meio a paisagem mental.

Eu sei que existem sofrimentos muito maiores, sei que há privilégios no meu universo que seriam um sonho para outras pessoas, ou, até mesmo a mim mesmo no passado. O que me faz sentir mal por ter um desejo tão macabro quanto, morrer, por razões tão materiais. Mas não consigo evitar. O impulso vem automático e avassalador, com uma certeza de conforto e silêncio post-mortem que seduz minha consciência instantaneamente. Como um sonho de água fria para a pele em chamas.

Angústia, vergonha, doença, medo... Como pode este ser o caminho? Se nem ao menos é possível imaginar um futuro bom, quanto mais esperar pacientemente que o esse futuro chegue. Onde estou depositando, todo esse tempo, tantos anos de minha vida? Como posso estar certo em fazer isso?

Tenho vontade de escrever sobre coisas que edifiquem. Sonho em ser útil através do uso das palavras. Que delas possa tirar o meu sustento e retribuir às pessoas que tanto e tantas vezes cuidaram de mim. Por esse motivo você está lendo esse texto, esse eu espero que seja a chave que abrirá a porta de um novo trilhar. Penso que se não começar, nunca farei. Então, aqui está.

Essas serão as experiências que farei quando estiver a tentar me entender com a escrita, e com ela ter um relacionamento afetivo que nutra meus dias com o que preciso. O tema? As próprias palavras serão o tema principal. Escreverei sobre o que os impulsos irresistíveis ditarem. Impressões e constatações sobre tudo, por uma ótica de quem quer pôr tudo em palavras. Creio estar bem feito se assim fizer. E com o tempo, essa semente há de brotar em uma plantinha que virará uma árvore grossa e frutífera. Longeva. Perene em sua função.

Dou graças por sua presença aqui. Me faz bem ser lido. Obrigado por ler essas linhas tortas. Sem você, nada disso fará sentido e eu serei apenas outro episódio de insanidade contabilizado. Você lê certo: sua leitura dá sentido a esse trabalho. Escrevo para ser lido, e que esta leitura seja útil. Que possa passar para você um pouco de conforto, seja por comparação ou por aprendizado, por identificação ou por curiosidade. Tudo que eu fizer, farei para você. Espero que goste.

Que seja esse o caminho que trilharei. Meu sonho é precisamente esse, ser tão útil escrevendo que por isso a vida me presenteie com o que preciso. Esse é o recomeço do recomeço do recomeço. Das inúmeras vezes em que tentei fazer dessa a minha realidade, esta é a mais importante de todas. Foi aqui que minha consciência me trouxe, e é onde estou buscando refúgio do sofrimento convulsivo atual. Ao invés de morrer, escrever. Na esperança de canalizar o que há de bom no meu espírito para que faça bem à outras pessoas. De fazer deste o meu trabalho neste mundo. De servir de antena aos propósitos superiores que guiam a existência.

Que bom que você está aqui. Que bom que vai ler o que tenho para dizer. Digo que espere de mim não menos do que o melhor que eu puder fazer. É caso de vida ou morte. Com você está a vida e no chorume das obrigações atuais está a morte. Eu escolho a vida e desejo que ela também me escolha.

Um novo caminho é o que eu busco, um norte, um caminho certo. E aqui diante dos seus olhos estão os primeiros passos que dou nessa direção.

Será que estou doente?

Será que eu estou doente? 

Como eu descobri que sofro de ansiedade e depressão.

Farei neste pequeno texto, um breve relato de como descobri que estava doente, como cheguei ao fundo do poço e saí dele algumas vezes nesses quase 40 anos de vida.

Na verdade os meus problemas com a ansiedade e a depressão começaram na minha infância, mas esse será o tema de uma próxima publicação.

Quando a vida começou a dar errado? 

Os sintomas geralmente aparecem na fase adulta, quando temos e assumimos algumas responsabilidades, elas podem ser referentes ao trabalho, a faculdade, a família, a relacionamentos, a sociedade ou tudo junto.

Para mim, tudo começou com um "dia triste", ou um "dia ruim", mas normalmente esses dias passavam e tudo voltava ao normal, mas com o tempo esses "dias ruins", se tornaram semanas e depois meses até anos.

No começo, como não sabia o que estava acontecendo, projetava este "dia ruim" em alguém, como por exemplo a família. A culpa desse mal que me afligia era devido a algum problema familiar, depois a culpa foi projetada ao trabalho, era culpa do chefe ou dos colegas de trabalho, depois foi a faculdade, culpa dos professores e colegas. Essa é uma fase bem triste da vida, quando você projeta todo o mal de sua vida nos outros, parece que todos estão contra você, as vezes brigamos com as pessoas por causa disso, culpamos, nos vingamos, mas a culpa do meu "dia ruim" não era de nenhum deles, a culpa era exclusivamente minha.

Não quero que entendam por culpa como se eu desejasse a depressão e a ansiedade para mim, não é esse o caso agora, o problema real é que eu já estava em um período inicial de crise, mas não conseguia identificar que eu estava doente, para mim todo mundo estava doente, mas eu não.

Esse é realmente um período muito infeliz, porque até a pessoa assumir, ou se dar conta, que está doente, muito mal já foi feito, geralmente aos mais próximos.

Pois é, aquele "dia ruim" que virou uma "semana ruim" e depois "meses ruins" já bagunçou muito a vida. 

Mas como descobri que estava doente afinal?

Crise! Sim, uma bela duma crise! Fui trabalhar pela manhã e ao meio dia notei algo errado comigo, mas muito errado mesmo! Começou com uma dor de estomago forte, depois o meu coração disparou, fiquei desesperado, não sabia o que fazer, só achava que iria morrer. Falei com o meu chefe e disse que precisava ir para casa, tentei disfarçar que não era nada grave, mas ele viu que era e me liberou naquela tarde.

Cheguei em casa perplexo, não sabia o que fazer, na minha mente era algo como se eu estivesse fugindo de algo terrível, mas não sabia dizer o quê. Eu sentava e me dava vontade de levantar, saia de casa e dava vontade de voltar, dava sono mas não conseguia dormir até que chegou um ponto que meu corpo simplesmente desligou-se, fiquei como um zumbi sentado na frente da televisão. Esses foram alguns sintomas que o meu corpo me mostrou. 

Um verdadeiro inferno mental:

Vou tentar resumir aqui o que passa na mente de uma pessoa com crise de ansiedade, o que eu pensava: 

Morte! Pensamento obsessivo pela morte, total falta de sentido na vida. 

Não via futuro algum, não conseguia fazer nenhum projeto futuro, na verdade o único projeto no futuro era o suicídio, mas não podemos chamar isso de projeto de futuro.

Vontade de abandonar tudo, desde o trabalho, faculdade, família, namorada, amigos etc.

Eu simplesmente não conseguia ver nada pelo lado positivo da vida, parecia até que tinham desligado a parte dos pensamentos positivos do meu cérebro, já o lado negativo era exagerado, tudo era ruim, nada servia, nada daria certo, tudo resultava no meu fim.

O que fazer então, como sair dessa?

Se você se identificou com os "dias ruins", se eles te perseguem por um tempo, se sua vida está virando uma bagunça e todos estão contra você, recomendo que procure ajuda especializada o quanto antes, procure um psicologo, psiquiatra ou o primeiro médico que você encontrar para lhe dar uma orientação.

Depois de todo esse caos físico e mental é que fui procurar ajuda. Fui encaminhado para um psiquiatra por um amigo da minha família e após a identificação do meu mal é que as coisas começaram a andar para a frente novamente. Fazem quase 10 anos que me trato com ele, 

Se eu tivesse procurado orientação profissional já nos primeiros sinais, muita coisa ruim poderia ter sido evitada.

Não é minha pretensão aqui definir a ansiedade e depressão em um simples texto, essa minha história está muito reduzida, existem muitos outros pontos que mostrarei nos próximos textos. Aqui temos apenas um pequeno resumo sobre o meu caso em específico, não me prolonguei para não ficar massante, mas espero que este resumo já ajude você a identificar esses pequenos detalhes da vida e caso você se identifique, por favor busque ajuda, não espere pela crise. 

Mensagem final:

Sim, tudo isso vai passar, não é o fim, é só o início de uma vida nova, por pior que pareça, tudo isso vai passar e você vai ver que a vida vale a pena ser vivida.