Não
creio ser o caminho atual que trilho o caminho. É desagradável
demais para estar certo trilhar por aqui.
De
tempos em tempos a coisa toda acalma e dá a impressão que os
momentos ruins são minoria, parece que talvez valha a pena suportar
tanta pressão psicológica. Até que uma nova onda de problemas vem
inundando tudo como um dilúvio e o desespero toma conta da alma,
trazendo consigo desejos perigosos em uma necessidade vital de
alívio. Como se a vida estivesse doente e em alguns momentos de
frescor a febre baixasse, e, em seguida, surpreendesse com espasmos
dolorosos de convulsão. O desespero gerado é tamanho que
pensamentos desejando a morte como solução surgem em meio a
paisagem mental.
Eu
sei que existem sofrimentos muito maiores, sei que há privilégios
no meu universo que seriam um sonho para outras pessoas, ou, até
mesmo a mim mesmo no passado. O que me faz sentir mal por ter um
desejo tão macabro quanto, morrer, por razões tão materiais. Mas
não consigo evitar. O impulso vem automático e avassalador, com uma
certeza de conforto e silêncio post-mortem que seduz minha
consciência instantaneamente. Como um sonho de água fria para a
pele em chamas.
Angústia,
vergonha, doença, medo... Como pode este ser o caminho? Se nem ao
menos é possível imaginar um futuro bom, quanto mais esperar
pacientemente que o esse futuro chegue. Onde estou depositando, todo
esse tempo, tantos anos de minha vida? Como posso estar certo em
fazer isso?
Tenho
vontade de escrever sobre coisas que edifiquem. Sonho em ser útil
através do uso das palavras. Que delas possa tirar o meu sustento e
retribuir às pessoas que tanto e tantas vezes cuidaram de mim. Por
esse motivo você está lendo esse texto, esse eu espero que seja a
chave que abrirá a porta de um novo trilhar. Penso que se não
começar, nunca farei. Então, aqui está.
Essas
serão as experiências que farei quando estiver a tentar me entender
com a escrita, e com ela ter um relacionamento afetivo que nutra meus
dias com o que preciso. O tema? As próprias palavras serão o tema
principal. Escreverei sobre o que os impulsos irresistíveis ditarem.
Impressões e constatações sobre tudo, por uma ótica de quem quer
pôr tudo em palavras. Creio estar bem feito se assim fizer. E com o
tempo, essa semente há de brotar em uma plantinha que virará uma
árvore grossa e frutífera. Longeva. Perene em sua função.
Dou
graças por sua presença aqui. Me faz bem ser lido. Obrigado por ler
essas linhas tortas. Sem você, nada disso fará sentido e eu serei
apenas outro episódio de insanidade contabilizado. Você lê certo:
sua leitura dá sentido a esse trabalho. Escrevo para ser lido, e que
esta leitura seja útil. Que possa passar para você um pouco de
conforto, seja por comparação ou por aprendizado, por identificação
ou por curiosidade. Tudo que eu fizer, farei para você. Espero que
goste.
Que
seja esse o caminho que trilharei. Meu sonho é precisamente esse,
ser tão útil escrevendo que por isso a vida me presenteie com o que
preciso. Esse é o recomeço do recomeço do recomeço. Das inúmeras
vezes em que tentei fazer dessa a minha realidade, esta é a mais
importante de todas. Foi aqui que minha consciência me trouxe, e é
onde estou buscando refúgio do sofrimento convulsivo atual. Ao invés
de morrer, escrever. Na esperança de canalizar o que há de bom no
meu espírito para que faça bem à outras pessoas. De fazer deste o
meu trabalho neste mundo. De servir de antena aos propósitos
superiores que guiam a existência.
Que
bom que você está aqui. Que bom que vai ler o que tenho para dizer.
Digo que espere de mim não menos do que o melhor que eu puder fazer.
É caso de vida ou morte. Com você está a vida e no chorume das
obrigações atuais está a morte. Eu escolho a vida e desejo que ela
também me escolha.
Um
novo caminho é o que eu busco, um norte, um caminho certo. E aqui
diante dos seus olhos estão os primeiros passos que dou nessa
direção.
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