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quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Season finale



2019 foi um ano cheio de situações onde me foi exigido esforço e resignação. Tanto na vida profissional quanto na pessoal, foi preciso me desdobrar para superar os desafios que surgiram e dependiam unicamente de resistência e persistência. Foram provas e trabalhos na faculdade sobre assuntos que compreendia muito pouco, situações que testaram a paciência e habilidades de lidar com estupidez e imaturidade no trabalho, ameaças constantes de ter minha vida prejudicada por outras pessoas, convívio diário com um ambiente que me é severamente tóxico, medo permanente de ficar mal como já estive no passado. Mas, apesar de tudo, chego aos últimos dias de dezembro deste ano satisfeito por ter superado algumas expectativas e vencido batalhas importantes. No final, por mais difícil que tenha sido, acabou dando tudo certo. Superei mais uma etapa, avancei mais alguns passos em direção ao meu sonho, não pisei fora da linha, não desandei, não tive recaídas da depressão, não tomei decisões burras. Posso dizer que foi um ano pesado, mas que serviu para evoluir.

Este blog marca uma experiência muito importante, no qual pude testar minha capacidade de cumprir objetivos custe o que custar. Eu estabeleci que escreveria aqui uma vez por semana durante seis meses, sempre um texto sobre o que me ocorre nessa batalha diária contra a ansiedade e depressão. E consegui manter a periodicidade religiosamente. Mesmo nos dias e semanas de maior sobrecarga de tarefas e responsabilidades. É bem importante pra mim perceber que sou capaz de cumrir com um compromisso auto imposto desta forma. Desde o primeiro texto, não houve uma semana sequer em que tenha ficado ausente de publicação. Me sinto grato e orgulhoso por ter conseguido isso.

O objetivo deste trabalho é simplesmente o de fazer algo por mim mesmo, motivado por puro desejo sincero, e não por necessidade financeira como os meus outros afazeres. Escrever sempre foi um refúgio pra mim, uma forma de lidar com a vida. Sempre mantive diários e fiz anotações em cadernos e blogs aleatórios. Sempre foi um desejo íntimo meu ter a escrita como uma responsabilidade. E esse blog materializou esse sonho, provando que posso sim construir algo no meio de toda a confusão que é a minha vida. Não preciso esperar que as coisas estejam melhores ou que o cenário seja o ideal. Posso começar agora e cumprir metas que eu mesmo estabeleci. O tema principal, a minha experiência com a depressão, surgiu em uma conversa com um amigo. Imaginei que talvez fosse útil a alguém se compartilhasse o que sinto e penso sendo um paciente depressivo em tratamento. Isso, é claro, além da função terapêutica de exteriorizar pensamentos e estruturar sensações em palavras que me faria muito bem. Já que estou me propondo a escrever semanalmente, nada melhor para servir de tema do que eu mesmo, minha cabeça e minhas percepções. Sou uma fonte abundante de matéria prima para escrever. E apesar de não trabalhar com nenhum tipo de divulgação, é muito satisfatório publicar textos que podem eventualmente chegar até pessoas que precisem do que eles dizem. Talvez seja pretensioso demais da minha parte, mas gostaria realmente que o que escrevi fosse útil para alguém.

Agora cumprida a meta de seis meses de publicações, sinto que preciso pensar em dar um passo adiante e buscar um novo tema. Me aventurar um pouco mais e sair da situação atual de apenas retratar pensamentos que me ocorrem no dia a dia. Preciso de algo mais desafiador. E graças ao cumprimento na íntegra do que me propus a fazer, sinto que essa é uma meta perfeitamente alcançável. Não estou dizendo que abandonarei este blog para sempre, mas creio que o que tenho para contribuir nesse assunto é muito pouco diante da gravidade do tema. Não sou nenhum especialista em doenças mentais, não estudo esse assunto como um buscador. Apenas senti necessidade de compartilhar minha experiência e o fiz da melhor forma que pude. E talvez seja mais útil ainda se eu buscar novos temas para escrever além de falar de mim mesmo.

Agradeço aos leitores que tive nesse meio tempo, e agradeço também aos leitores que visitarão essas páginas no futuro. É por vocês, pelo público, que decidi incluir a escrita entre minhas obrigações. Quero um dia ser capaz de escrever coisas que façam bem às pessoas, que sejam úteis. E mesmo que tenha tentado começar a trilhar esse caminho várias vezes ao longo da vida e sempre parado no meio do processo por um motivo ou outro, é aqui, neste blog sobre depressão, que comecei a encarar esse trabalho como algo que posso fazer sempre, independentemente do que esteja acontecendo na minha vida. Foi aqui que despertei para esse novo trilhar e espero que seja uma semente forte o suficiente para gerar uma grande árvore no futuro.

Obrigado a todos que estiverem lendo isso. Desejo que suas vidas sejam repletas de alegrias e que seus sonhos se realizem. Nos vemos por aí!

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Meta de ano novo


Houve dois episódios em 2019 do que acreditei ser uma recaída da depressão. Um que durou mais ou menos um mês entre junho e julho e outro menor na segunda metade de novembro. Precisamente em períodos em que as atividades diárias atingem o ápice, devido ao fim do semestre da faculdade e do trabalho. Provavelmente por não me sentir bem trabalhando com o que trabalho e por muitas vezes sentir que não sirvo para o curso que estou fazendo, o aumento de responsabilidades com tarefas e prazos acaba liberando muito estresse na minha corrente sanguínea e me fazendo sentir mal. Realmente mal. Ao ponto de achar que o pesadelo da doença estaria voltando e aniquilaria com o pouco que pude construir nesses anos todos de trabalho. A bem da verdade, foram crises emocionais motivadas pelo aumento do estresse, algo que pode-se considerar natural. Mas a sensação que tive foi de uma iminente catástrofe se formando. Creio que muito desta sensação esteja fundamentado no medo que sinto de voltar a ter um quadro depressivo debilitante. Estar deprimido é como estar acorrentado da cabeça aos pés, a vida simplesmente para de acontecer e fica-se preso num looping de pensamentos e sensações ruins. O período em que estive à mercê da doença me levou a caminhos muito sofridos, arrependimentos e rancores difíceis de carregar. Foram etapas muito tristes onde estive perdido e fiz as piores escolhas possíveis. E morro de medo de ter que voltar para aquele lugar.

Em outro aspecto, as coisas no meu trabalho estão em constante mudança. O cenário já esteve bem positivo cheio de esperanças no passado, hoje nem tanto. Tenho feito coisas para andar em direção aos meus sonhos, iniciado trabalhos que espero serem a semeadura de uma colheita de longo prazo na minha vida. Iniciei projetos, investi tempo e energia em ideias que creio serem a abertura de um caminho benéfico. Tenho plantado muito o que entendo serem boas sementes. Mas não posso negar que a instabilidade do meu futuro no meu atual trabalho, somado com o esgotamento da paciência em ter que fazer coisas que desprezo, tem me enfraquecido o ânimo dia após dia. Por ser a única fonte de sustento e por ser a inauguração de um período no qual eu saí da posição de humilhado para a de sonhador, acabo valorizando muito o que tenho no momento. Sentindo medo de perder o que Deus me deu e ter que voltar à vida amarga onde a insuficiência era a regra. Tenho medo de as coisas mudarem para pior e ter que amargar novamente derrotas que me fizeram tão mal no passado.

Tanto na vida emocional quanto na vida profissional o medo é o mesmo, ter que regredir e voltar ao quadro tenebroso em que me encontrava tempos atrás, quando a vida não fazia sentido e pra onde eu olhava só via escuridão. E esse medo é tão real que chega a prejudicar minha rotina, interferir no meu sono, somatizar doenças no meu corpo. Talvez essa seja a pior coisa que possa me acontecer: ter que voltar para a vida que eu levava antes de despertar para as responsabilidades de uma vida em busca de fazer o certo.

A chegada do fim do ano motiva os pensamentos de planos para o futuro. Por isso me vejo nessa situação de avaliar as possibilidades e ensaiar cenários. E, infelizmente, tenho uma tendência cruel de esperar sempre o pior. Mesmo que nos últimos anos os acontecimentos tenham sido no sentido do exato contrário, com importantes vitórias e conquistas sendo somadas à minha biografia. Não sei o quanto desse pessimismo é simples mau hábito e o quanto é sintoma da própria depressão controlada que tanto me preocupa. Não me lembro de qualquer época em que esperei o melhor ao invés do pior. Acho que faz parte de quem eu sou, e, talvez, seja um bom aspecto a ser trabalhado para mudar. Enfrentar as situações com esperança, com fé. E seguir andando na ponte escura que é a vida com coragem, mesmo sem saber o que há pela frente. Eu gostaria de viver assim. Por isso, estabeleci que no ano que vem me esforçarei bastante para mudar esse aspecto da minha personalidade. Abrir mão do pessimismo, como quem se livra de um vício. E passar a viver aproveitando melhor o presente, grato e satisfeito com o que tenho ao invés de preocupado e triste de medo de perder. Creio ser essa uma boa meta para 2020.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

A sutil arte


Essa semana fiz a última prova que faltava para encerrar o semestre da faculdade e entreguei o relatório final de atividades do ano no trabalho. Foi um ano bem puxado no que diz respeito a sacrifícios e passar por perrengues nervosos devido a compromissos. Em alguns momentos cheguei a pensar que precisaria de um apoio químico mais poderoso, remédios mais fortes, mas, graças a Deus, tudo foi se resolvendo naturalmente enquanto me segurava onde podia para não ser carregado pela onda.

Agora faltam poucos dias para que eu possa desfrutar o período de férias e consiga respirar um ar diferente. Tudo que eu gostaria é de um encerramento tranquilo de ano, com compromissos leves e expectativa de um ano melhor em 2020. Mas, infelizmente, no meu trabalho preciso lidar com destemperos e desequilíbrios advindos de outras pessoas. Por isso não está sendo possível desacelerar como gostaria antes de parar. Um monte de ideias “geniais” surgindo nas cabeças menos capazes e um sentido de urgência generalizado e absolutamente sem propósito são as medidas utilizadas para encerrar o ano por aqui. Algo frustrante e realmente irritante, principalmente depois de tanto trabalho e sofrimento. Em nada essa agitação sem sentido e sem lógica faz os dias serem proveitosos ou motiva coisas boas. Uma pena, realmente uma pena gastar tempo com isso. Mas é o que temos para hoje.

A única saída para não se encaminhar para um surto nos momentos finais antes do merecido descanso é fazer o que tenho feito, não levar nada muito a sério. Tentar não imaginar cenários futuros baseados nas loucuras de hoje, nem estressar demais com comentários burros ditos a esmo. Deixar o tempo passar naturalmente e flutuar entre os afazeres como uma pluma no vento. O que precisava ser feito já foi feito, os compromissos já foram cumpridos, os prazos já se encerraram. O que está acontecendo agora é uma sombra do que foi o ano, um resíduo amargo no fundo do copo. Nada além disso. Por isso, é mais fácil de desviar o pensamento do que no costumeiro manicômio que é a rotina de onde trabalho. É só repetir reiteradamente dentro da cabeça que tudo que está acontecendo agora é bobagem que será esquecida em breve. Não tem valor. Nada do que for criado agora, dentre a tonelada de besteiras ditas a cada minuto, realmente fará alguma diferença no futuro. O jogo agora é esperar o tempo passar e deixar tudo se organizar naturalmente. Permitir ser carregado pela corrente e apenas ficar na condição de observador dos fatos, interferindo o mínimo possível, lutando para não se aborrecer e nem permitir que se criem pensamentos negativos para o ano vindouro.

Logo chegam as férias e com elas o merecido descanso. O ano que vem será o que tiver que ser. E não há nada que possa ser feito para escapar de tudo de bom e de ruim que está programado para acontecer. O pacote é fechado, não editável e integral. Nos restando apenas a opção de como usar o tempo que nos é dado. Torcendo para que corra tudo bem e novas vitórias sejam acumuladas no meio de tanta confusão. É assim que funciona, é o que temos. Saber a hora de se desapegar do meio e simplesmente “deixar rolar” é uma boa forma de lidar com um cenário caótico e aparentemente sem propósito. Nem sempre é a melhor escolha mas, às vezes, é a única opção realmente possível. E é positivo saber reconhecer a hora de agir assim.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Tratamento


Esse ano tive alguns avanços no meu tratamento. Logo nos primeiros meses de 2019 o psiquiatra reduziu a medicação e me senti confortável com a dose menor. Uma conquista importante para quem deseja um dia não precisar tomar mais remédios de forma contínua. E também, ali pela metade do ano, minha terapeuta reduziu o número de sessões de duas para uma por semana. No auge dos problemas cheguei a ter três sessões semanais de terapia. Agora estou bem melhor e já não é necessário um acompanhamento tão rígido, por isso vi como um passo importante a redução dessa parte do tratamento também.

Lembro que a quatro anos cheguei a pensar que meu estado de perturbação seria permanente, que ficaria louco para sempre. Sem conseguir assistir filmes e séries, nem jogar videogame, certo de ser alvo de uma conspiração que me monitorava nos mínimos detalhes e com uma sensação constante de pavor, como se um grande mal estivesse à minha espreita e a qualquer momento me pegaria dentro de casa. Hoje vejo o quão distante aquela condição mental ficou, após um intenso e disciplinado trabalho profissional de reabilitação. Recentemente tive alguns sintomas físicos de estresse, devido às complicações de final de ano com tarefas muito difíceis e prazos muito curtos, que pareciam uma intoxicação alimentar, queda de cabelos, sono desregulado, entre outras coisas. Mas o tempo todo estive consciente do que estava acontecendo e me mantive firme, resignado, fazendo o que devia apesar dos empecilhos. Nem por um instante pensei ser a loucura voltando a dominar minha mente. Graças a Deus, aquilo é passado. E somente por estar em um estágio mais evoluído da minha relação com a depressão é que pude lidar com tudo que era preciso sem desabar. Sou muito sensível aos altos e baixos emocionais e preciso de um grande suporte para manter o equilíbrio quando as coisas ficam estressantes. Tenho esperança que um dia terei estrutura suficiente para lidar com qualquer coisa sem precisar de tratamentos médicos constantes. A evolução do meu quadro e a redução na rigidez do tratamento corroboram com essa visão. Mas, de momento, sou bastante grato por poder contar essas importantes e eficazes ferramentas de apoio.

Das pessoas que conheço que enfrentam problemas com depressão e ansiedade, quase ninguém faz um tratamento completo como o que eu faço. A grande maioria tem limitações econômicas, não é barato tratar essa doença, e acaba encontrando outras formas de lidar com a situação. Geralmente procurando tratamentos alternativos com ervas, florais, homeopatia e coisas assim. Frequentando algum grupo religioso como centros espíritas e igrejas ou grupos de apoio, como os Alcoólicos Anônimos e assemelhados. Isso quando buscam algum tipo de tratamento, porque o mais comum mesmo é compensar as frustrações com drogas. Bebendo e fumando cigarros para os que respeitam a lei, e ingerindo substâncias ilícitas para os mais rebeldes. Eu mesmo já estive nessa posição, de precisar de ajuda mas não ter condições de investir em um tratamento correto. Sei bem como é ter que se virar com o que tem ao alcance para lidar com os transtornos causados pela doença. Por isso me sinto tão privilegiado por poder estar a quatro anos em tratamento completo contínuo, o que mudou minha vida e me possibilitou um despertar que antes seria impossível.

Com exceção da automedicação e uso de drogas em geral, considero que qualquer coisa que se faça para melhorar é um esforço válido. Remédios e substâncias somente podem ser usados com acompanhamento médico, mas o resto das opções que geralmente se encontra para suprir a falta de um tratamento adequado costumam ser bem melhor do que nada. Qualquer esforço para sair da situação ruim em que se encontra pode se reverter em algo bom no longo prazo. O importante é manter o foco e desejar com firmeza melhorar e sair do buraco. Ter paciência e fazer o que tiver ao seu alcance, aceitar as ajudas que surgirem com humildade e fazer o seu melhor.

A vida muda muito. Num momento tudo está ruim e não há perspectiva de futuro. De repente algo acontece que o papel a cumprir muda e tudo melhora, abrindo possibilidades que antes não poderiam nem ser imaginadas. É impossível prever tudo que está por vir em nossa vida e é burrice achar que a situação atual vai se manter para sempre. É tudo instável, frágil, efêmero. Tudo mutável. Basta ter paciência e plantar boas sementes, fazendo as coisas certas, que tudo se encaminha. E buscar melhorar é sempre uma boa escolha, sempre uma coisa certa a se fazer.

Se for possível fazer um bom tratamento com profissionais competentes e medicação eficiente, ótimo. É um privilégio que deve ser aproveitado ao máximo. Certamente os resultados virão bem mais rápido e serão mais duradouros. Se não for possível, é preciso ter paciência. Buscar ter claro para si que o problema é real e requer auxílio externo. E aceitar as boas ajudas que possam surgir, nas portas que se abrem e mãos que se estendem. Caprichar ao máximo na evolução do quadro para conseguir fazer boas escolhas, andar na linha, fazer o certo. E esperar que o tempo se encarregue se mudar o que está ruim e fortalecer o que for bom. Sempre com fé e coragem, trilhando o caminho com resignação enquanto supera as dificuldades e medos que surgirem.