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quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Pecados capitais


Certa feita ouvi falar sobre uma teoria do senso comum, de que sobre cada pessoa predomina um dos sete pecados capitais. Cada um teria um pecado principal influenciando a vida e as decisões. Alguns seriam atormentados pela gula, tendo dentro de si um apetite insaciável por qualquer coisa que alimente seu desejo. Comida, bebida, poder, dinheiro, sexo… Tudo que possa trazer uma sensação de “quanto mais, melhor” vira um problema quando todas as ações se restringem a ter mais e mais satisfação em consumir. Como um viciado descontrolado diante do objeto de sua dependência, em casos extremos levando a cometer atrocidades para ter cada vez mais, não se importando com o mal que cause a si ou a outras pessoas. Outros seriam regidos pela ira, deixando-se perder em ódio e sede de vingança contra quem o provoque. Desejando mais do que tudo destruir algo, ou alguém, e tomando todas as decisões com foco em conquistar esse objetivo. Outros ainda seriam movidos principalmente pela luxúria, colocando suas paixões e desejos materiais como prioridade da vida, anulando em si tudo que não seja prazer físico e ostentação de bens materiais. E assim por diante, tendo pessoas controladas pela inveja, avareza, preguiça e orgulho. Cada um em seu próprio mundo.

Em princípio parece só mais uma bobagem de crendice popular mas, meditando um pouco sobre esse tema, pode-se perceber de onde surgiu essa superstição. Provavelmente a ideia de agrupar as más tendências humanas em sete conceitos básicos e declará-las como pecados foi o resultado de muita meditação e filosofia. Não vejo porque discordar desses conceitos como sendo impulsos primordiais reais inerentes aos seres humanos e também não discordo que são prejudiciais, precisando ser contidos para não trazer sofrimento e malefícios. Ao mesmo tempo, rapidamente posso pensar em personagens, que conheci pessoalmente ou através de alguma ficção, que sejam manifestações práticas de alguns desses ditos pecados em pessoa. É comum conhecermos pessoas que vivem suas vidas segundo mandam seus instintos mais fortes, em alguns casos sendo esses instintos algumas dessas tendências nomeadas como pecados capitais. Ao longo do tempo, conheci pessoas incrivelmente egoístas, cruéis, fúteis e totalmente inconvenientes com seus desejos. Gente que atrapalha a vida de outras pessoas sem dar a mínima importância para os efeitos das suas ações, simplesmente levando em consideração o seu próprio ponto de vista. Já tive o desprazer de conhecer gente tão invejosa que a convivência obrigatória me desenvolveu doenças psíquicas. Já tive que lidar com gente absolutamente descontrolada sexualmente, que perturbava todos ao redor com sua nojenta necessidade de sedução. Gente capaz de fingir amizade e respeito por interesse, que eram educadas e gentis na frente mas quando virava as costas se transformavam em poços de desprezo e arrogância. Gente que se diverte com o sofrimento alheio, que solta gargalhadas diante do desespero e sofrimento de outros. Por causa do meu trabalho, tive que lidar com toda sorte de vermes que se pode imaginar, a política atrai o que há de pior no mundo, mas também por passar muito tempo com a mente alterada, escolhi mal minhas companhias e aceitei a presença de gente falsa, com discursos artificiais de amizade e carinho. Pessoas que invariavelmente se aproveitaram das minhas boas intenções enquanto fingiam se importar comigo. Tanto na vida profissional quanto na pessoal, tive que conviver com pessoas más que me prejudicaram mais do que eu deveria ter deixado. Algumas dessas relações duraram anos e me custaram muito em termos de saúde mental. E nesses casos, vejo claramente o que queriam dizer as pessoas que inventaram a teoria de sermos mais influenciados por um ou outro pecado capital. Os piores sentimentos e comportamentos humanos podem ser agrupados segundo uma lógica nos sete aspectos elencados biblicamente. E é perfeitamente possível conhecer pessoas que manifestam alguns desses ímpetos com mais intensidade, ao ponto de serem criaturas de caráter maligno, prejudicial à quem está sujeito à sua presença.

Mas não é só nos outros que é possível perceber tendências que possam ser descritas nos sete pecados capitais. Olhando para mim mesmo e analisando diferentes épocas da vida, percebo que eu também fui governado por algumas dessas tendências. Talvez não possa sentenciar um único pecado para toda a vida, talvez no meu caso seja um pecado para cada fase. Posso identificar períodos em que fui governado pela ira, pela gula, luxúria, ou até mesmo fragmentar ainda mais o tempo e identificar a energia dos pecados em decisões isoladas. Em alguns casos sendo avarento, noutros sendo invejoso. Sempre com consequências tristes com o passar do tempo. Ao mesmo tempo em que minha memória rapidamente elege figuras desprezíveis que me prejudicaram movidos por esses impulsos pecaminosos, também trago no coração arrependimentos e mágoas por ter sido eu em diversas ocasiões o autor da injustiça.

Hoje em dia posso dizer que tento ser cuidadoso nas minhas ações, me esforço para não ser cruel com quem quer que seja. Policio minhas decisões e interpretações da vida e do mundo, sempre tentando ficar longe do que julgo ser o mal, o que pode perfeitamente ser enquadrado no que descrevem os sete pecados capitais. É um compromisso que tenho comigo mesmo e com Deus, de andar na linha, fazer o que é certo e nunca ser injusto ou me beneficiar do prejuízo de alguém. Tento não ser invejoso, tento não ser raivoso, tento não ceder aos desejos ao ponto de ser escravo, tento ser alguém decente. Não é um caminho fácil, é preciso esforço para não fazer o mal. Mas apesar de estar muito longe da perfeição, já noto resultados positivos em mim mesmo no que diz respeito ao convívio com as pessoas. Continuo sendo um reles humano, mas me esforço para ser um humano dos bons. Atualmente o pecado que mais se destaca em mim, sem dúvida, é a preguiça. Em parte por causa da depressão, mas não só por isso, preciso travar batalhas diárias para fazer o que devo sem desistir. E mesmo cheio de afazeres, sinto que poderia produzir muito mais se não passasse tanto tempo me entregando ao nada. Talvez nessa fase atual, o pecado capital mais influente em mim seja esse, ou, pelo menos é o que mais se destaca. Perceber isso me ajuda a entender onde devo agir para melhorar. Me faz saber qual o nome do adversário que estou enfrentando e bolar estratégias para derrotá-lo.

Refletir sobre essa teoria me fez pensar em várias coisas que podem vir a ser úteis no entendimento da vida. Me ajuda a ter certeza de que é preciso ficar longe de gente má e, quando for impossível, pelo menos evitar ao máximo que sua influência exerça algum controle. Lembrei de um monte de gente com quem aprendi como não devo ser, exemplos negativos de como é estar perto de alguém ruim. E também percebi em mim mesmo coisas que carrego nas recordações que gostaria de não ter feito, vezes em que gostaria de ter sido uma pessoa diferente. Parâmetros e referências para me basear no que quero ser hoje e no que devo me concentrar para melhorar.

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