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quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Sonhar no front


A ansiedade faz sofrer por antecedência. E não é pouco. Insônia, queda de cabelo, gastrite, dores musculares, ânsia de vômito pela manhã. Só de estar imerso em compromissos que tem sua parcela de chance de darem errado, coisa comum na vida, já é o suficiente para desencadear um tormento patológico totalmente desproporcional. O ritmo de vida que levo, entre trabalho e estudos motivados pelo senso de obrigação, normalmente já seria suficientemente pesado de carregar pelas próprias características dos afazeres. Mas tudo fica muito pior com a antecipação das emoções de falha e fracasso que a doença me faz ter em tudo que faço.

Estamos nas semanas finais do ano, com trabalhos grandes para entregar e provas decisivas em todas as disciplinas da faculdade. Além dos preparativos tradicionais no meu trabalho para encerrar e preparar o início do próximo ano, com relatórios e programações que transcendem em muito o horário de expediente. Uma rotina corporativa tradicional com atividade universitária padrão. De forma alguma pode-se classificar esses períodos como fáceis. São parte do sacrifício diário que é viver e acreditar em dias melhores. Mas faço tudo ser ainda pior com essa maldita doença que vê tudo como ruim e espera sempre o pior cenário possível.

A vida, às vezes, se enche de coisas que não temos lá muito prazer em fazer mas que são necessárias para que tudo continue funcionando como deve. E nessas horas é preciso soprar as brasas da motivação e seguir fazendo o que é devido com o máximo de esmero possível, buscando focar a mente no senso de dever com mais intensidade do que nos sonhos. São etapas onde o que quero de verdade para minha vida se torna um objetivo menos valorizado nos pensamentos diários. Não chegam a sumir, mas ficam em segundo plano enquanto escrevo, organizo, preparo apresentações e cumpro prazos.

Mas, neste ano, pela primeira vez na vida, acho que estou vivendo com o grau de lucidez necessário para manter a fé nos meus sonhos apesar de todo o veneno que a ansiedade e a depressão fazem circular no meu corpo e mente. Apesar de estar estressado, chateado por ter que ocupar um espaço tão grande no meu tempo com tarefas insossas. E por ser metralhado todos os dias com uma bateria de artilharia pesada de pensamentos desagradáveis de desânimo, frustração antecipada por coisas que podem não sair como o esperado, baixa auto estima, descrença… Isso tudo com sintomas físicos de cansaço e somatização de coisas ruins. Apesar disso tudo, eu finalmente sei o que responder quando me pergunto o que quero dessa vida. E a resposta é clara, direta. Não algo abstrato, hipotético. Mas, sim, um sonho concreto e possível de alcançar. Isso faz toda a diferença.

Lembro de uma cena do filme Clube da Luta (dirigido por David Fincher, 1999), onde o personagem Tyler Durden, interpretado por Brad Pitt, está dirigindo um carro na chuva e pergunta “o que vocês gostariam de fazer antes de morrer?” e, prontamente, os space monkeys que estão com ele respondem: “Pintar um auto retrato” e “construir uma casa”. Na história, Tyler arquiteta com um amigo uma organização terrorista anarquista que não visa tomar o poder, mas simplesmente questioná-lo deliberadamente. Oferecendo uma visão libertária para seus adeptos. Fazendo-os pensar sobre sua existência e seu papel no mundo. No mesmo filme ele ainda aponta uma arma para a cabeça do desesperado Raymond e que em lágrimas revela que gostaria de ser veterinário, mas acabou como balconista numa loja de conveniência. O que irrita Tyler que o ameaça de morte se não perseguir seus sonhos a partir do dia seguinte. Nos dois casos vemos que ter um sonho para si mesmo é algo importante para Tyler e seus discípulos. Tão importante quanto a percepção de que a vida um dia chegará ao fim. De forma violenta, o filme nos diz que ter consciência clara sobre o sonho da vida é fundamental, assim como perseguir esse sonho. O sonho é o que nos leva a dar o passo adiante em nossa vida sem sentido que um dia terminará independentemente da nossa vontade. Essas cenas, e esse filme como um todo, passaram a fazer muito mais sentido para mim quando me dei conta que um dia minha vida acabará sem que eu possa fazer nada para interferir. Nem mesmo as tentativas de suicídio foram capazes de antecipar a hora da minha partida. A minha hora de morrer é um total mistério, apesar de ser a mais certeira das ocasiões da vida. A única certeza que podemos ter é que um dia morreremos, mas geralmente não se pensa muito nisso. E pensar nisso faz mudar alguns conceitos. Juntamente com essa consciência de mim mesmo e da consequente finitude da vida, as experiências me trouxeram a ter hoje uma clareza em algo que quero mais do que tudo. Um desejo que gostaria de realizar antes de morrer, o maior sonho da minha vida. Tal qual os space monkeys do filme ou o pobre Raymond ajoelhado no chão com um revólver apontado para sua cabeça, eu mesmo hoje tenho autoconhecimento suficiente para saber o que quero da vida. Posso responder instantaneamente sem titubear se me for perguntado. E isso é que tem feito toda a diferença na minha jornada.

Sigo fazendo o que devo. Acordando de manhã, cumprindo as tarefas no trabalho e na faculdade, lidando com a depressão e a ansiedade enquanto me espremo para fazer tudo que tenho que fazer. Passo pela vida suportando a ideia de usar meu tempo com obrigações inevitáveis e brigando com as doenças que me atormentam a mente. Mas, neste momento, depois de tudo que passei e tudo que descobri sobre mim mesmo, faço isso sabendo qual é meu sonho, e agindo em favor dele. Fazendo algo ao meu alcance para me aproximar de realizar esse sonho. Por menor que seja a iniciativa, por mais simples e singela que seja a ação, qualquer coisa que faça em direção a realização desse sonho me renova as forças. Fortalece a esperança e clareia a mente. Tudo que estou passando é passageiro, pois tenho um plano particular em andamento, algo muito íntimo, que é o meu real propósito na vida. E tenho feito o que está a meu alcance para realizá-lo. Não importa o quanto minhas rotinas sejam chatas e sem sentido, as tarefas do dia a dia que sou obrigado a cumprir não são minha prioridade. Existe um sonho, um objetivo maior que norteia minhas decisões mais importantes. Por isso nada de desagradável importa realmente, pois tudo passou a ser parte do plano. Tudo está me levando em direção ao meu sonho.

Se sua vida não é o que você gostaria que fosse, sugiro que faça esse exercício, de buscar dentro de si a resposta para a pergunta “qual o meu maior sonho?”. E no mesmo instante que descobrir a resposta, passar a fazer algo para conseguir isso. Algo que pode ser uma ação pequena no meio da semana, alguns minutos do dia. Passar a fazer algo que esteja ao seu alcance e que possa ser feito com frequência, para que possa sentir que, mesmo que pouco, está fazendo algo para realizar o seu maior sonho. Pode ser um segredo seu, algo muito particular. Mas que seja real, que seja a concretização possível do sonho que será o norte da sua vida a partir do momento em que começar a persegui-lo. Que seja pouco, que seja o mínimo no começo, mas que seja real. E que você invista seu tempo e sua energia naquilo, aumentando e melhorando com o tempo. Isso fará toda a diferença nos seus resultados e dará outro gosto à sua vida. Sonhar e perseguir os sonhos traz sentido para uma vida aparentemente sem propósito. É assim que tenho lidado com minha rotina e é isso que recomendo a todos que passam pelo que eu tenho passado.


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