Aranha Yerushalayim

Quando publiquei o último texto do ano passado pensei que talvez esse blog tivesse concluído sua função. Talvez o que tinha para falar sobre esses temas que abordei já tivesse sido falado e não seria preciso, ou possível, continuar publicando textos aqui. Pelo menos não sem cair na repetição chata de quem insiste em algo que já deveria ter acabado. Porém, como tudo na vida, as coisas mudaram dentro da minha cabeça e cá estou eu novamente, pronto para despejar um monte de pensamentos e reflexões viciadas e enviesadas por pura satisfação catártica. 

Nesta nova temporada acho que será possível identificar algumas mudanças nos meus padrões. Mudei bastante coisa de lugar internamente nos últimos meses, muita coisa aconteceu dentro da minha cabeça e na minha vida em geral. Embora o cenário onde a história está sendo contada seja ainda o mesmo, minha relação com o que me cerca sofreu algumas mudanças e, consequentemente, acabei mudando de perspectiva sem sair do lugar. Do alto das minhas contradições eu agora observo o mundo com um filtro diferente. Lendo as postagens antigas eu me lembro de lutar muito contra a tristeza no ano passado, entre desânimos e angústias enfrentando os dias, tentando ver o que havia de bom para não ceder ao pessimismo do copo meio vazio. Lembro bem da sensação que norteava minha percepção. Já agora, em setembro de 2020, sou obrigado a descrever o meu adversário com outro nome. Ao invés de lutar contra a tristeza, esse ano eu estou lutando diariamente contra a raiva. Em verdade, acho que nunca passei por tanta irritação rotineira na vida. Nunca tive tantas fontes simultâneas de reação raivosa por um período tão longo. E isso, obviamente, muda o tom e o conteúdo do que tenho a dizer.

Esse blog continua voltado a ser um depoimento construído aos poucos sobre a depressão que habita minha mente. Ainda quero que o conteúdo seja útil a quem precise, que seja um exercício de disciplina e que seja um trabalho que faço pelo prazer de fazer. Por isso, espero ser capaz de manter uma periodicidade séria de postagens, além de trazer coisas que julgue úteis de serem explanadas. O projeto ainda é o mesmo. Só vou fazer alguns ajustes na estética da linguagem para ser condizente com a realidade atual, e nada mais.

Penso que tudo faz parte do pacote, todas as mudanças, tudo que posso traduzir em palavras. Por isso tomo a liberdade de continuar sendo eu mesmo nas postagens, sem usar qualquer persona que não seja a minha própria. Viver enfrentando a depressão continua sendo o desafio da minha vida, e, pelo que pode-se ver, não é somente através da tristeza que essa condição se manifesta. É preciso ser maleável. Os adversários diários mudam a cada fase e subfase da vida, o que requer estratégia e adaptação.

Sejam bem-vindos à nova temporada de publicações do Fazendo o Certo Agora! Espero que seja legal ler como será escrever. E que venham todos os sabores, porque estou cheio de fome e não vou perdoar nada!

Recomendações: Informem-se sobre a HQ “Transmetropolitan”, de Warrem Ellis, e se for possível, leia-a; Ouça a música “Every Day Is Exactly the Same” da banda Nine Inch Nails; Descreva para alguém legal qual seria o seu emprego dos sonhos e onde você gostaria de morar se pudesse escolher qualquer lugar do mundo.