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quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Ideia de morrer


Não temos controle sobre nossos pensamentos. As imagens e palavras se formam na nossa cabeça sem qualquer possibilidade de obedecerem a nossa vontade, só nos restando a opção de alimentar ou não o pensamento que surge. Na maioria das vezes o que pensamos reflete algo que vimos ou passamos no mundo real. É apenas uma consequência de algum estímulo externo. Mas há casos em que uma ideia surge sem explicação aparente, talvez do cruzamento entre outros pensamentos, e se torna persistente. Se repete frequentemente como se estivesse atraindo a atenção para si, “querendo” crescer, se enraizar. E, em alguns casos, é preciso enfrentar a ideia como algo a ser combatido dentro de si.

Um exemplo disso ocorre comigo de tempos em tempos. Tenho uma ideia de morte que volta e meia aparece entre meus pensamentos e preciso me esforçar para desviar no fluxo de pensamentos. Não se trata de tendência suicida, não penso em tirar minha própria vida. É mais como uma certa impressão de conforto na ideia de morrer. Como se uma parte de mim estivesse ansiosa por deixar esse mundo. Algo como não querer puxar o gatilho, mas não achar ruim ser atingido por uma bala perdida, sofrer um enfarte ou cair com o avião.

Sempre que esses pensamentos surgem preciso me esforçar para desviar a atenção e digo para mim mesmo “não pensa besteira”. É algo com que eu tenho que lidar.

A vida de vez em quando se mostra sem sentido, sem lógica. Uma sequência de acontecimentos bons e infortúnios que invariavelmente vai terminar um dia com a chegada da morte. Começo a me perguntar por que tenho que passar por todo esse caminho, por que preciso superar tantas dificuldades e sentir todo o medo, insegurança, toda a frustração de uma vida inteira para chegar no final e terminar como qualquer outro ser vivo, com o corpo se decompondo em outras substâncias enquanto as lembranças do que eu fui e fiz somem nas areias do tempo. Onde está o sentido disso? Por que preciso esperar minha vez de passar pela morte? Já que é inevitável, por que não passar por isso logo?

Esses pensamentos são perigosos e habitam minha mente. Em algumas épocas se tornam mais presentes do que em outras, mas nunca somem definitivamente. Sobretudo por eu não encontrar nenhuma resposta satisfatória para essas perguntas. Tenho receio que essas ideias cresçam dentro de mim e acabem evoluindo para algum comportamento autodestrutivo ou surjam com uma solução suicida para os problemas. Preciso admitir que tenho medo que isso aconteça. Por isso enfrento esses pensamentos fugindo deles, não os alimento nem lhes dou atenção. Convivo com a vontade de morrer ignorando sua presença dentro da minha mente.

Não me lembro ao certo quando foi a primeira vez que algo assim me ocorreu. Tenho lembranças de imaginar meu próprio velório já na infância, no início da adolescência. Com o tempo a ideia de partir desse mundo só se tornou mais clara, nunca me abandonou. É algo que não costumo falar com ninguém, uma coisa realmente bem íntima que certamente deixará preocupados todos que se importam comigo e conhecem minha história. Mas, como disse, não tenho controle sobre isso. O máximo que consigo fazer é usar minha consciência de forma a bloquear e enfraquecer as ideias de morte. Acredito que isso seja o certo a se fazer nesse caso.

Por algum motivo esses pensamentos existem dentro de mim e não consigo eliminá-los definitivamente. Preciso viver com a presença deles. E decidi que não vou permitir que se tornem mais complexos do que meros impulsos irracionais, não permitirei que se tornem ideias fundamentadas e complexas na minha paisagem interior. Valorizo minha vida e não quero abrir mão dela. Não quero deixar ninguém triste pela minha ausência e nem perder as vivências e experiências que ainda estão por vir. As vezes consigo descrever esse jeito de ver as coisas, cortejando a morte, como uma certa preguiça de viver. Uma preguiça tão grande, tão profunda, que é preferível morrer do que ter que fazer tudo o que preciso fazer. Algo como uma solução prática para um problema difícil, que é viver. Uma parte ruim de mim, um instinto viciado de fugir de tudo que me tire da zona de conforto. Uma coisa que preciso aperfeiçoar na minha personalidade. Talvez o desejo de morrer seja o resultado de um defeito. Um sintoma de falha.

Seja como for, é algo que preciso enfrentar. Tenho que travar batalhas internas para não deixar esse mal crescer dentro de mim. Mal esse que para se proliferar só precisa que eu não faça nada. Que deixe solto, que não aja. Ele se desenvolve do mesmo jeito que surge, do nada. Do vazio. E é algo que preciso estar atento para não deixar evoluir para algo maior. Para não se tornar uma ideia norteadora de ações.

Andar na linha passa por policiar a si mesmo. E essa é uma das brechas na segurança na qual preciso estar sempre antenado, consciente, para agir rapidamente e neutralizar os efeitos. Hoje tenho consciência disso e trabalho para que não haja espaço em mim para esse tipo de ideia, pensamento, impulso ou seja lá o que for, que me conduza a um caminho errado. É uma das faces do adversário que habita minha alma e o tempo todo me puxa para as trevas. Uma das ferramentas do personagem feito de escuridão que preciso derrotar dia após dia para seguir fazendo o certo.

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