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quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Reflexão sobre liberdade e desejo


A liberdade está intimamente relacionada com a vontade. Quanto mais liberdade se tem, mais vontades pode-se satisfazer. O contrário também é verdadeiro, quanto menos liberdade menos vontades pode-se realizar. A liberdade permite o fazer e o não fazer, o ter e o não ter. Almejar mais liberdade é querer escolher mais, querer menos liberdade é aceitar mais o que vem espontaneamente, abrir mão da escolha. Mais liberdade é caminho do prazer, menos liberdade é o caminho do sofrimento. Abrir mão da liberdade é não escolher mais nada, levar a liberdade às últimas consequências é poder escolher o que quiser, poder realizar qualquer desejo.

Cabe deixar claro, liberdade é bem mais do que realizar desejos. É, antes disso, o poder de escolher realizar ou não um desejo. O desejo é a forma de interagir com a liberdade. O escolher não realizar um desejo e não desejar é uma manifestação da liberdade. A liberdade se manifesta em graus. O desejo também.

O desejo se manifesta de duas formas: o desejo do ter e o desejo do fazer. E estas formas norteiam as decisões humanas, dão o direcionamento para a liberdade que se tem.

Em pessoas no qual o ter predomina, é fácil observar um grande empenho em obter bens materiais. Em pessoas no qual o fazer predomina, vemos um maior empenho em desfrutar de sensações.

Há influência do ter no fazer, as vezes o ter se mescla ao fazer, e vice versa, em diferentes graus. Frequentemente é preciso ter para poder fazer, da mesma forma, as vezes é preciso fazer para poder ter. Mas sempre há uma intenção predominante, sempre há uma motivação primária, e esta é sempre ter ou fazer algo.

O ter é material, vincula objetos, títulos e condições às emoções. Estabelece satisfação pela sensação de posse sobre o que quer que seja. Por isso pessoas que são mais influenciadas pelo ter tem maior necessidade de controle sobre as coisas. Precisam exercer a posse sobre o que tem.

O fazer é imaterial, vincula ações e movimentos às emoções. Estabelece satisfação pela sensação de concluir tarefas ou atos de qualquer natureza. As pessoas mais influenciadas pelo fazer tem certa aversão ao controle e vivem suas vidas aceitando as coisas que ocorrem conforme são, sem necessidade de controlar o que acontece. Não há tanto prazer na posse mas, sim, na própria feitura da ação. As lembranças do que foi feito são o pagamento que precisam para se satisfazerem.

Deixar-se a mercê do acaso intensifica as sensações, ao passo que programar o que vai acontecer reduz expectativas e ilusões, portanto, enfraquecendo as sensações do que acontece. A surpresa brilha com muito mais força do que a previsão. Quem quer sentir mais quer sentir tudo. Quem quer ter tudo não se importa de sentir menos para tal. O fazer é lidar com o desconhecido, um dos mais assustadores atos humanos. O ter é não ser surpreendido, estar preparado.

Para fazer muito é preciso não planejar, o caos é o senhor do sentir. Quanto mais uma pessoa é organizada, mais beneficia o ter, mais coisas terá e menos fará. Quanto menos organização mais coisas fará e menos terá. Organizar para fazer é como desorganizar para ter, pode ocorrer mas contraria a regra e não exerce a função em plenitude. Organizar é ter, improvisar é fazer. Quem almeja ter mais do que tem precisa organizar mais sua vida, quem deseja sentir mais deve se permitir enfrentar o acaso com mais frequência.

Não desejar, se libertar do desejo, pode vir de duas formas: satisfazer todas vontades e, portanto, por terem sido todos satisfeitos não ter mais nenhum desejo, ou destruir todos os desejos aumentando a tolerância ao sofrimento à níveis infinitos, tornando-se capaz de aceitar qualquer coisa que aconteça, por pior que seja, sem desejar que fosse diferente.

Ambos são caminhos que levam ao mesmo fim, o não querer, o não desejo. O que é a forma de desvincular a liberdade do desejo. Ambos os caminhos exigem habilidade sobre-humana. Sem o desejo pode-se experimentar o nível supremo da liberdade pura. A liberdade da liberdade. É não interagir mais com a liberdade por estar em pé de igualdade com ela. É ser mais do que humano, ser abstrato tal qual a própria liberdade.

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