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quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Aceito a ajuda


Neste ano mudei de ideia sobre o setembro amarelo. Geralmente eu ignorava a passagem dessa época e achava que não passava de demagogia política. Achava besteira. Mas dessa vez, não. Acho que meu coração amoleceu um pouco. Mudei minha percepção e passei o mês todo aceitando todo o material que chegou até mim em função da campanha.

Foi uma experiência bastante interessante. Pude ler várias coisas legais, assisti entrevistas, li panfletos e ouvi pronunciamentos a respeito da depressão e medidas de prevenção ao suicídio. Me deixei levar pelo clima e acabei eu mesmo produzindo alguns textos especiais, no qual abri um pouco da minha história pessoal, para publicar aqui. Bem interessante entrar nessa egrégora. Pude perceber que é sim uma campanha útil, que pode surtir bons resultados. Seja oferecendo serviços de ajuda a quem esteja buscando ou simplesmente fomentando o debate sobre o assunto. É legal ver que os problemas que enfrento há tanto tempo não são meras invenções da minha cabeça, mas sim uma situação pelo qual tem-se buscado soluções de várias formas. E para quem está do lado de dentro, basta deixar de ser um pouco carrancudo e aceitar a ajuda que está sendo oferecida. Me fez realmente bem ver tanta gente engajada fazendo um trabalho sério, sem manipulação intencional para parecer herói de uma causa nobre para ganhar likes e visualizações. Na verdade o que mais encontrei foram pessoas falando de seus sentimentos profundos e sinceros sobre o que passaram em suas próprias vidas ou sobre alguma fatalidade que tenham enfrentando com alguém próximo.

Um dos pensamentos mais neutralizadores da vontade de morrer para mim sempre foi o significado que a minha vida tem nas vidas de outras pessoas. O que a minha presença neste mundo provoca em gente que se importa comigo. Sempre que me ocorre uma ideia besta, porém incontrolável, de que morrer seria melhor do que viver, recorro a lembrança de pessoas que diversas vezes demonstraram sofrer com as bobagens que eu já fiz. Familiares e amigos próximos que muito além de palavras, já me disseram com os olhos e atitudes o quanto se importam comigo. E por essas pessoas eu sinto que devo continuar vivendo. Não tenho o direito de matar o filho, o primo, o amigo, o sobrinho nem o irmão de ninguém. E é exatamente isso que eu estaria fazendo caso trabalhasse pela minha própria morte, seja numa tentativa de suicídio de fato ou num comportamento autodestrutivo de longo prazo. É minha responsabilidade cuidar de mim mesmo também pelo fato de isso ser parte de cuidar dos outros. Uma pessoa que se mata causa um ferimento enorme num círculo imprevisível de pessoas. Muitas vezes a dor simplesmente não some nunca mais e os sentimentos que nascem disso são terríveis demais para lidar. Um suicídio acabada literalmente com uma vida mas, na prática, reverbera pelas vidas de muitas outras pessoas. E é egoísmo não levar isso em consideração quando se pensa sobre o assunto. Uma tragédia que será lembrada por décadas e trará sofrimento a terceiros é o que sobra na sombra do suicida.

Eu tive um comportamento autodestrutivo por muito, muito tempo. Fiz coisas que me arrependo e me envergonho. E tudo sempre pensando exclusivamente nas minhas sensações e emoções, sem avaliar o impacto das minhas escolhas nos outros. Não falo de levar em consideração a opinião, me refiro a algo mais sutil do que isso. O quanto os efeitos das minhas decisões interferiam na vida das pessoas que se importam comigo? Eu simplesmente não levava isso em consideração antes de escolher esse ou aquele caminho. Na última vez que tentei me matar a coisa foi tão grave que até hoje, passados quatro anos do acontecido, noto que as pessoas não foram mais as mesmas comigo. Algo ficou marcado e não pode ser traduzido em palavras. Eles não esquecem e posso perceber pela forma como me tratam. Em um caso mais visível, noto em vários momentos que há quem, inclusive, não me perdoe pelo que fiz. Considere em seu íntimo que eu não tinha o direito de fazer o que fiz - de fato penso que não o tinha e continuo não o tendo - e sinta um certo rancor por mim, uma tristeza que não vai sumir. Eu magoei essas pessoas ameaçando tirar algo importante delas. Isso causa efeitos imprevisíveis e algumas vezes irreversíveis.

Mas tento seguir em frente, tento fazer as coisas certas a partir de agora. Se pequei por arrogância no passado, que sirva de lição para não repetir o erro no futuro. Busco corrigir minhas ações ao máximo, viver cada dia buscando acertar ao máximo cada passo e cada decisão. Sem negligenciar os alertas que aprendi a identificar em mim mesmo. Faço isso por mim, por ser meu dever, mas também porque aprendi que minha vida não pertence somente a mim. Cada pessoa com quem eu criei um laço em algum momento está envolvida nesse emaranhado de conexões, e, sobretudo, é meu dever também zelar pelo bem das pessoas com quem eu me importo. Calcular o efeito das minhas decisões também na vida de quem vive a sua vida junto comigo através do coração e da alma.

Esse ano aceitei a ajuda vinda pelo setembro amarelo, como tenho aceitado humildemente minhas fraquezas e necessidades. E foi uma experiência muito positiva. Quem dera eu tivesse aceitado antes, talvez não precisasse passar por tudo que passei. Mas é tudo vida que segue. O que sou hoje é resultado de tudo que passei e acumulei. E se tem algo que aprendi até aqui é reconhecer o quanto as outras pessoas são importantes no processo todo. Seja nos impactos das minhas decisões ou na leitura de relatos de estranhos, sempre é bom olhar para o lado e ver que não estou sozinho. A partir daqui, planejo valorizar o trabalho que é feito nessa época do ano e aproveitar ao máximo tudo que chegar a mim. Porque é tudo pelo bem, e é pelo bem que eu vivo agora.

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