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quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Batalha


Essa semana tem sido bem complicada. Percebi no último sábado que um desânimo muito grande vinha crescendo em meu interior. Uma vontade de não ter vontades, associada a uma tristeza enorme. Acabei deixando para depois o que tinha planejado fazer naquele dia e repeti a decisão no domingo, passando o final de semana todo deitado sem fazer nada. Geralmente existe um limite para se ficar deitado e não fazer nada, chega uma hora que a pessoa já não aguenta mais ficar na cama e simplesmente precisa se levantar e fazer algo. Mas esse limite não existe quando estou assim. Fico apenas deitado sem reação nenhuma enquanto as horas passam. O desânimo aumenta ao ponto de não conseguir sair da cama nem para saciar a fome. É como se toda a vontade que existe em mim deixasse o meu corpo e sobrasse só uma carcaça inútil cheia de pensamentos doentios. Sim, porque apesar de estar incapacitado por fora, a mente funciona a pleno vapor, em um turbilhão de pensamentos de culpa e cobranças. Eu consigo perceber o mal que ficar parado está me fazendo, cobro atitudes de mim mesmo, me xingo, fico triste e desesperado com o que será de mim dali para frente. Mas meu corpo não reage, simplesmente não consigo reunir forças para levantar e fazer o que é preciso.

A situação piorou bastante no domingo, quando comecei a ter acessos de choro. Estava cansado de ficar ali naquela condição mas não sabia o que fazer. Os pensamentos passaram a ser bem catastróficos e até mesmo as coisas que estavam em bom funcionamento passaram a ser um problema. Me perdia na ideia de que as coisas que tinha feito durante a semana dariam errado no dia seguinte e eu teria que enfrentar uma vergonha imensa por ter falhado. Olhava para meu corpo, deitado sobre a roupa de cama suada, e pensava o quanto imprestável, burro e fraco eu era. Havia perdido totalmente o controle dos pensamentos e estava preso em um círculo autodepreciativo. Dormi e acordei várias vezes durante o dia, não fiz nada do que tinha planejado fazer.

Na segunda feira acordei em cima da hora para ir trabalhar, olhei para o relógio e senti a onda de pensamentos vir com uma violência gigantesca. Esmagando minha percepção. Sentia dor nos músculos faciais que são usados para chorar, e uma contratura dolorosa na garganta, característica de choro engasgado. Precisava ir ao banheiro mas não conseguia mobilizar forças para isso. Estava debilitado, enfraquecido, não conseguia sair da cama nem tomar nenhuma atitude. Com esforço, peguei o celular e enviei uma mensagem ao trabalho, dizendo que estava doente e que chegaria mais tarde. Mas acabei ficando imóvel e sentindo aquela angústia até muito tarde naquele dia. Perdendo o dia de trabalho. Não é a primeira vez que isso acontece, embora fizesse bastante tempo desde o último episódio. Passei o dia deitado sendo carregado por uma enxurrada de pensamentos odiosos, no qual já contava como certa a demissão e perda de tudo que conquistei profissionalmente ao longo de anos. Minha cabeça doía e sentia um misto de medo, raiva e tristeza. Estava desesperado. A doença havia voltado e eu perderia tudo, deixaria todos desapontados, decepcionaria as pessoas que confiam em mim. A vida novamente seria destruída e eu ficaria a mercê da ajuda de bons corações.

Então no fim da tarde a coisa toda deu uma reduzida na pressão. Inexplicavelmente comecei a me acalmar e consegui levantar. Fui até o banheiro, finalmente, e tomei um bom banho depois de dois dias deitado. Higiene pessoal sempre traz um bem estar importante, e com o banho consegui me animar e fazer uma refeição. Resolvi que iria para aula, apesar de tudo que tinha acontecido, e que daria o meu melhor para aprender algo naquele dia. E foi o que eu fiz. Não posso dizer que rendeu muito, mas foi bom sair de casa.

O mal estar ainda persiste enquanto escrevo esse texto, mas tenho conseguido cumprir com meus compromissos. Não faltei mais nada, nem cheguei atrasado. Não deixei de fazer nada que era obrigado a fazer. Apesar de estar sentindo um vazio enorme no peito e uma vontade constante de deitar e dormir em qualquer lugar que esteja. Tenho falado pouco, só o necessário, e me isolado o máximo possível do contato com outras pessoas. O silêncio parece ser um grande aliado. Minha psicóloga recomendou que procurasse o psiquiatra para revisar os medicamentos, talvez esteja na hora de trocar a medicação de novo. Ainda sinto o rosto doendo, ainda estou segurando o choro. Acho que deveria procurar o médico mesmo, talvez esteja na hora de testar um novo tratamento. Mas ainda não me animei a fazer isso. A medicação que estou tomando agora tem sido suficiente por tanto tempo, já me acostumei com ela. Uma parte de mim não quer mudar. Mas penso que minha psicóloga esteja certa em querer mexer nisso para ver se melhoro.

Vou levar as coisas da melhor forma possível e esperar que fique tudo bem. Sinto que nesse momento o principal é não permitir que a doença me ponha na cama tempo suficiente para me fazer perder coisas que construí com tanto sacrifício. Fazer o certo, nesse momento, me parece ser resistir e fazer o máximo que puder para não cair. Estou novamente em guerra contra um inimigo interno. E mesmo sem fazer ideia de como ele ressurgiu, preciso me concentrar em ficar de pé e cumprir com minhas obrigações. Espero que esse fantasma suma logo e tudo volte ao normal o quanto antes.

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