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quinta-feira, 17 de outubro de 2019

De pé


Depois de conseguir me acalmar e voltar a ver alguma coisa boa no mundo ao meu redor, comecei a questionar o quanto do que senti de ruim nos últimos dias era real. Há uma semana atrás para onde eu olhasse só enxergava motivos para ficar triste ou irritado. Tudo parecia envolto numa grande nuvem de fumaça escura, sem brilho, sem nada de positivo. E tudo ficava ainda pior por conta das falhas que cometi com meus compromissos, deixando de fazer coisas que deveria fazer e me sentindo muito culpado por isso. Com um desespero crescente e a sensação de que tudo que construí desabaria sobre mim, por conta dos erros.

Mas o tempo passou e a química no meu corpo se alterou de uma forma que aos poucos minha percepção passou a ser mais neutra e menos dramática, avaliando o cenário de forma mais ampla e levando em consideração muitos acertos entre minhas atitudes, acertos que estavam sendo ignorados pela onda de tristeza e estresse. Precisei de momentos sozinho, de terapia e uma boa quantidade de sono para modificar as coisas internamente. Adiei alguns compromissos da faculdade e aproveitei o tempo para ficar comigo mesmo e derrotar um a um os pensamentos ruins que pipocavam na minha cabeça. Não fui ao médico, como tinha aconselhado minha terapeuta. Sei que ela tem razão em querer averiguar a medicação que tomo, mas ainda me sinto confortável com o que estou tomando. Foi uma dura e longa batalha encontrar os medicamentos certos, a dose certa e o horário certo. E agora que encontrei fica difícil decidir voltar à velha busca pelo apoio químico adequado. Mas sei que é questão de tempo até meu corpo se acostumar e as substâncias não fazerem mais o mesmo efeito. Planejo resolver isso com o psiquiatra em breve, mas agora não. No momento decidi seguir com as mesmas bengalas e lutar contra os sintomas da depressão com minhas próprias táticas. Dormindo sempre que possível, tomando longos banhos quentes, lendo coisas que me façam ter bons pensamentos e meditando sempre que lembro. Depois de uns dias bem pesados em que achei que tudo estava vindo abaixo eu consegui voltar a ver luz no mundo ao meu redor. Estou bem melhor do que estava. Já voltei às atividades normais, voltei a produzir o que preciso para meu trabalho e para a faculdade. A sensação de satisfação por cumprir compromissos é muito calmante, me faz desviar os pensamentos de que sou um inútil que só faz burrada. Melhora até mesmo minha auto-estima. O jogo segue e eu continuo jogando.

Estou melhor essa semana, quase ao ponto de querer fazer planos para as férias de janeiro. Nunca planejei férias, sempre improvisei. Saía para ficar uns dias sem ir ao trabalho sem saber o que faria, nem para onde iria, nem quem visitaria. Com o passar dos dias as ideias iam surgindo e eu buscava realizar um ou outro desejo. Penso que talvez devesse tentar algo diferente esse ano, ou ano que vem. Planejar antecipadamente uma viagem ou algo do tipo me daria folga para elaborar um roteiro mais complexo, com atividades mais intensas do que simples visitas rápidas a alguns amigos mais próximos. Não sei ao certo se vou fazer isso ou não, mas foi algo que me ocorreu. As metas que tinha para este ano não tem mais como ser totalmente cumpridas. Negligenciei alguns aspectos da vida e não foi possível fazer tudo o que gostaria de ter feito. De repente começar o ano que vem fazendo algo diferente seja útil para motivar o cumprimento de metas futuras. Vai saber...

Viver com depressão é como andar longas distâncias em terreno irregular. Algumas vezes haverá motivação suficiente para seguir em frente a passo largo com bom humor e desejo firme de concluir o trajeto. Outras o caminho ficará íngreme e exigirá um esforço maior para continuar andando. Pensamentos de desistência e questionamentos de porque continuar podem surgir a qualquer momento e será preciso lidar com eles. Muitas vezes o caminho deixará de fazer sentido, as forças sumirão e será preciso parar para descansar. E nesses momentos será preciso muita força de vontade para voltar a andar e resistir a tentação de ficar onde está para sempre. Eu encaro minha relação com a doença como uma grande e infinita jornada na qual eu decidi nunca parar de andar. Não foi sempre assim, já me deixei guiar pela depressão e fui parar em lugares muito ruins, já me abati e fiquei estagnado, preso no lodo, por longos períodos. Hoje, depois de tudo que me aconteceu, optei por as vezes diminuir o ritmo dos passos, andar mais devagar, mas nunca parar de andar. Na semana passada estive à beira de uma crise que teria me derrubado se não fosse quem sou hoje. Desta vez, ao invés de me abater e deixar tudo afundar, eu segui preso aos compromissos, fazendo o que devia fazer mesmo que mecanicamente. Adiei algumas coisas, sofri por ver o tempo desperdiçado, mas foi útil. A redução no ritmo possibilitou q ue continuasse andando, fazendo as coisas que devo fazer. E quando vi, a percepção começou a mudar e pouco a pouco os sintomas foram aliviando, até ficar quase normal. Que é como estou hoje. Já acelerei os passos novamente, embora siga num ritmo mais lento que o comum, e me sinto melhor a cada tarefa que concluo. Até já pensando em como serão as férias de janeiro.

Não sei o quanto do senti semana passada era real, tinha fundamento mesmo, e o quanto era coisa da minha cabeça. Na hora que sinto, tudo é muito real, tangível, incontestável. Agora, já relativamente recuperado do tombo, questiono se era tudo verdade. Talvez o problema esteja dentro da minha cabeça, e não no mundo externo. Talvez. É bem provável. E é muito cansativo lutar contra esses inimigos imaginários. Muito cansativo. Mas o que importa no momento é que passou, e estou melhor. Já consigo raciocinar direito, diferenciar o que é real do que não é, e estou disposto a seguir na batalha. Sem parar de andar, sem me deixar abater, sem desistir. E que venham logo as férias, porque estou precisando...

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